sábado, 22 de junho de 2013

LETRAMENTO DIGITAL
Márcia Toscano

Márcia Toscano 
Especialista em Educação a distância, atuou na área de apoio a projetos sociais no Brasil, América Latina e Região do Caribe como Program Assistant na W.K. Kellogg Foundation e atualmente é agente técnica do Instituto Ayrton Senna

1. O que podemos chamar de letramento digital?
Márcia Toscano
 - Bom, antes de responder o que é letramento digital precisamos entender o que é letramento. Segundo Magda Soares o termo letramento “advém da condição de saber ler e escrever, estando implícito, neste conceito, consequências sociais, culturais , políticas, econômicas, cognitivas e linguísticas. Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. A palavra letramento vem se incorporando ao vocabulário da área de Pedagogia para conceituar um processo que vai além da decodificação do sistema alfabético da escrita e incorpora a compreensão dos usos sociais da escrita.”
Já para o letramento digital existem diferentes definições, mas que podem ser entendidas pelo mesmo contexto. As novas tecnologias digitais da informação e da comunicação estão levando a mudanças na leitura e escrita moderna. O letramento digital engloba habilidades de leitura e a produção de textos utilizando ferramentas a partir de novas tecnologias digitais.
2. Que habilidades teria um indivíduo possuidor de letramento digital?
Márcia Toscano
 - As novas tecnologias digitais nos trazem novas formas de ler e escrever de forma autônoma e uma diferente apropriação de conteúdos e saberes. Posso falar que o indivíduo possuidor de letramento digital precisa de habilidades que permitam que ele conecte, localize, filtre um texto e por meio desses textos não-lineares, seguir a outros links, como hipertextos que possam se articular com áudio, imagem e vídeo, etc. Antigamente usávamos lápis e borracha e um dicionário para corrigir uma palavra em um texto. Hoje utilizando uma tecnologia digital conectada a internet, ou não, é possível uma correção automática e eficaz. Os instrumentos de leitura e escrita são diversos e podem ser encontrados em aplicativos do computador, em um caixa eletrônico, celulares multifuncionais, tablets, etc. Há muitas opções, e a nova geração de aprendizes, que podemos chamar de Geração Y formada pelos nativos digitais, já dominam dessas habilidades, basta que lhe entreguem alguma tecnologia em mãos e eles dominam as aplicações disponíveis.
3. As tecnologias da informação e comunicação estão trazendo mudanças nas práticas de leitura e escrita? Quais?
Márcia Toscano
 - Sim e muitas. Antigamente os alunos estudavam utilizando somente seus papéis, canetas, lápis e borracha. Hoje com as novas formas de interação e conexão, se é possível compartilhar arquivos de texto, participar de diversas redes sociais, e ao mesmo tempo o comportamento social mudou, é visivelmente diferente se considerarmos há 10 anos atrás. Com a utilização de diversos recursos digitais há ferramentas que são verdadeiras máquinas de compartilhamento de textos provocando uma mudança na vida social de todos e na aprendizagem onde ela passa ser mais colaborativa.
4. Existem formas pelas quais podemos nos apropriar da leitura e escrita através do ciberespaço?
Márcia Toscano
 - Muitas, hoje basta estar conectado e solicitar uma informação específica, e é possível baixar um livro, um artigo, uma pesquisa científica, etc. Há diversos sites confiáveis que disponibilizam links para downloads de livros gratuitos permitindo a democratização da leitura. Mas, é muito importante ter cautela quanto a utilização de conteúdos disponibilizados na Web. A internet é todos, e muitas vezes alguns conteúdos são de fontes duvidosas. Mas, não dá para negar que diversos sites facilitam e ampliam as possibilidades de leitura e escrita de forma interativa e com opções de sugestões e comentários.
5. Como a escola pode aproveitar a cultura digital de seus estudantes para torná-los letrados digitalmente?
Márcia Toscano
 - A escola pode aproveitar essa cultura quando ela possibilita a criação redes comunicativas e inovadoras. Esse momento pode representar uma oportunidade para que educadores trabalhem e ampliem as habilidades de comunicação e expressão utilizando os meios digitais. O hipertexto, que é uma página eletrônica permite acesso simultâneo a textos, imagens, vídeo e áudio de modo interativo. É uma ferramenta de aprendizagem valiosa, a partir do momento que permite ao estudante também que ele publique e produza seus textos.
6. Como o professor pode dotar seus alunos de um “saber ler” esse mundo complexo, plural e multimídia?
Márcia Toscano
 - As tecnologias tem influenciado a vida de todas as pessoas. Essa Geração que chamamos de Y (nativos digitais) já está pronta e interessada em novos saberes, basta nós facilitarmos o processo de maneira motivadora. Diante de uma grande quantidade de informação veiculada na internet é preciso formar o leitor para selecioná-las. A publicação de conteúdos é livre, e qualquer indivíduo pode publicá-los, essa é uma facilidade. Mas é importante que os alunos saibam selecionar as informações, se tornem leitores críticos desses conteúdos, e que mantenham os créditos dos autores. Educadores devem também orientar seus alunos ao que irá ser publicado na internet, pois aprender a se comunicar digitalmente amplia a capacidade de leitura e escrita colaborativa. O grande desafio para o professor é caminhar lado a lado com seus alunos não se restringindo somente a sala de aula e sim, ao desenvolvimento de atividades conectadas ao computador e que possam aproveitar o que há de melhor das novas tecnologias digitais para ampliar e enriquerer o processo de ensino aprendizagem, afinal esse é um caminho sem volta. Segundo o Prof. José Armando Valente, pesquisador do NIED-UNICAMP, “Sem a presença do educador letrado digitalmente será difícil pensar que as novas tecnologias podem, sozinhas, revolucionar a educação.”
(Publicado por Sávio Espíndola)


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